Três em cada quatro empregos do mundo são forte ou moderadamente dependentes de água, segundo estimativa de relatório das Nações Unidas publicado nesta terça-feira (22), na ocasião do Dia Mundial da Água.
Consequentemente, a escassez e os problemas de acesso à água e ao saneamento podem limitar o crescimento econômico e a criação de empregos no mundo nas próximas décadas, de acordo com o documento, que citou a falta de investimentos em infraestrutura e os altos índices de vazamentos nos sistemas hídricos das cidades globais, inclusive de países desenvolvidos.
Segundo o “Relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, Água e Emprego”, metade dos trabalhadores do mundo – 1,5 bilhão de pessoas – está empregada em oito indústrias dependentes de recursos hídricos e naturais: agricultura, silvicultura, pesca, energia, manufatura intensiva de recursos, reciclagem, construção e transporte.
“A água e o emprego estão indissociavelmente ligados em vários níveis, quer seja na perspectiva econômica, na ambiental ou na social”, disse a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova.
A América Latina e o Caribe estão particularmente dependentes da água na criação de empregos, porque a maior parte de suas economias é ligada à exploração de recursos naturais, como mineração e agricultura (incluindo biocombustíveis). Em países como Brasil, Argentina, Chile, México e Peru, a irrigação também é responsável por uma parte importante da produção agrícola, particularmente para exportação.
“Apesar de a região (América Latina e Caribe) ter cerca de um terço da provisão de água no mundo, o uso intenso desse recurso em suas economias e sua dependência dos recursos naturais e dos preços internacionais das matérias-primas impõem importantes desafios para o crescimento econômico e a criação de empregos”, disse o relatório.
“As secas são frequentes na região. Secas severas podem levar a um aumento do desemprego, particularmente entre a população rural”, completou.
Segundo o relatório, os efeitos da escassez de água já puderam ser verificados em casos como o da cidade de São Paulo, cuja economia foi prejudicada em 2014 e 2015 pelas frequentes enchentes e secas severas.