Escolas do Distrito Federal têm apresentado projetos que envolvem os alunos em ações de cidadania. O Centro Educacional 14 de Ceilândia é um dos exemplos em que jovens de ensino médio discutem os prejuízos das práticas de corrupção no ambiente escolar. Esta unidade de ensino foi a escola vencedora do projeto Controladoria na Escola de 2017, promovido pela Controladoria-Geral do Distrito Federal. O concurso propõe a participação de alunos e professores a fazerem auditoria nas escolas. Os estudantes de Ceilândia criaram um aplicativo para monitorar a limpeza e a conservação do patrimônio, além de ajudar no entendimento da corrupção no cotidiano escolar. A iniciativa ficou em primeiro lugar no concurso da Controladoria e ganhou R$ 50 mil para reformas na escola.
Segundo o aluno Bruno Henrique Vale dos Santos, de 17 anos, os problemas encontrados foram a má conservação do ambiente público e atos de desonestidade. “A gente observou as pequenas corrupções que não percebíamos como, por exemplo, furar a fila na hora do intervalo.” Para avaliar o comportamento dos estudantes foram feitos dois testes de honestidade dentro e ao redor da escola. No primeiro teste foi colocado um freezer com dindin (suco congelado no saquinho) no pátio e os alunos poderiam pegar e deixar o dinheiro sem ninguém para cobrá-los.
No segundo, eles deixavam uma nota de R$ 100 cair na rua para ver se alguém devolvia ao dono. Nas duas experiências eles observaram que é preciso melhorar o grau de honestidade na região. Apenas uma criança devolveu a nota que havia caído no chão e poucos alunos pagaram o produto oferecido no recreio. “Nós mostramos para os pais o resultado dos testes que nós fizemos aqui e eles puderam ver as nossas falhas como cidadão, como estudante e como professor”, relata a coordenadora da escola, Cleiciane Lobato.
A aluna Milena Pires, de 17 anos, conta que esse projeto trouxe muitas mudanças de comportamento na escola e também nas famílias dos alunos envolvidos. “Toda a comunidade foi apresentada ao projeto que começou a tomar uma dimensão fora do espaço escolar.” Com a conscientização do projeto os alunos deixaram de furar a fila no intervalo, pararam de jogar lixo no chão e passaram a repensar as próprias atitudes. A verba recebida no prêmio está servindo para reforma do laboratório de ciências.
Para o controlador-geral do DF, Henrique Ziller, essa premiação estimula a iniciativa nos jovens e faz com que eles se tornem responsáveis pelo próprio ambiente onde estudam. Assim, passam a pensar em soluções e não ficam esperando pelo governo para ter melhorias ou mudança de comportamento. “Na hora que um cidadão tem essa experiência de pertencimento ele passa a cuidar da escola, a se sentir responsável por ela. Assim, ele se torna protagonista em relação a escola que ele frequenta,” completa Ziller.
Escola particular investe em ações de meio ambiente
O Colégio do Sol, localizado no Lago Norte, incentiva o aprendizado ambiental com a produção e plantio de mudas por meio do projeto Pede Planta. O objetivo da ação que existe há 10 anos é a conscientização em relação ao meio ambiente e a importância das árvores para a qualidade de vida da comunidade.
A partir do viveiro da escola, que dispõe de 1.600 mudas, os alunos aprendem sobre a necessidade da vegetação para evitar crises hídricas, os nomes e as características de cada espécie e como funciona o processo de plantar, desde a semente até a árvore. Também participam de plantios em Áreas de Preservação Permanente (APP), áreas degradadas e em locais públicos. Ao redor da escola já foram plantadas 200 espécies nativas do cerrado. O diretor da escola, Erli Ferreira Gomes, conta que a ideia sempre foi buscar algo que pudesse sair dos muros da escola para amplificar a vontade de fazer algo pela comunidade. “Eles aprendem o reconhecimento da árvore como componente importante no meio ambiente, especialmente para fixação da água”, destacou o diretor.
Para o gestor, com esse tipo de atividade, os alunos se tornam mais cuidadosos com o meio ambiente. “Hoje, uma planta dessas pode ficar no meio do pátio que não vai sofrer nenhum dano”, comemora. O projeto se expandiu e já foi para mais seis escolas que também fizeram seus viveiros. Este ano a iniciativa será apresentada no Fórum Mundial da Água, dentro do stand da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa).