Sintonizado com as aspirações da população de Roraima, “que está atrasado por falta de energia segura e estável”, o deputado Hiran Gonçalves (PMB/RR) dará entrada na justiça na próxima semana com uma ação para derrubar a liminar do Ministério Público Federal no Amazonas MPF/AM que pede a anulação da licença prévia das obras da linha de transmissão de energia elétrica entre Manaus e Boa Vista, o linhão de Tucuruí.
“Respeito a decisão judicial, mas, nós estamos entrando na justiça para derrubar essa liminar para que tenhamos preservado o direito do povo de Roraima de ter uma energia segura e estável, e que o estado possa estar, finalmente, integrado ao Brasil, no que diz respeito ao sistema energético nacional”, afirmou, lembrando que as obras do linhão de Tucuruí, estão há mais de três paralisadas prejudicando a população e também o consórcio que que ganhou a licitação para a construção da obra.
O deputado Hiran Gonçalves explica que Roraima já tem um linhão de transmissão que sai de Guri, na Venezuela, e vai até Boa Vista, atravessando parques nacionais e a Reserva Indígena São Marcos, “sem que nunca tenha ocorrido qualquer evento adverso que pudesse comprometer a segurança das populações indígenas ou a integridade do meio ambiente”. Tendo esse exemplo como parâmetro de comparação, o parlamentar afirma não entender “como uma linha de transmissão que vai acompanhando a BR-174, que não vai causar nenhum impacto ambiental na Reserva Indígena Waimiri Atroari, possa ter algum tipo de problema”.
De acordo com o deputado Hiran Gonçalves, enquanto o MPF/AM está requerendo a realização de consulta prévia ao povo Waimiri Atroari, uma vez que torres de transmissão de energia serão instaladas dentro da terra indígena, a população de Roraima para um alto preço pela energia de péssima qualidade, tendo que conviver com blecautes de 4 horas. “A população que sofre com esse problema não consegue entender as alegações risíveis da Fundação Nacional do Índio (Funai) diante da perspectiva da tranquilidade da população e do desenvolvimento industrial, por exemplo”.
O deputado Hiran Gonçalves, que é médico oftalmologista, conta que, muitas vezes, ele e sua equipe estão na clínica operando e a energia acaba. A solução, segundo ele, é usar uma fonte alternativa de energia. “Mas, uma equipe médica não pode começar uma cirurgia na emergência. A fonte de energia é para emergência. Então, tem que parar e esperar voltar a energia”, indigna-se.
O parlamentar também ressalta os prejuízos para o comércio, indústria e para a população. “Nós temos um distrito industrial que sofre e tem prejuízos com a queda de produção. Investimentos que poderiam ir para lá, não vão por medo dos investidores, e o estado não se industrializa, não se desenvolve e tem que contar com a energia que vem da Venezuela, um país que está pré-falimentar”.
Hiran Gonçalves avalia que a questão seria simples de ser resolvida, desde que houvesse comprometimento dos órgãos governamentais envolvidos na questão com o desenvolvimento do Estado. O parlamentar volta a criticar o recente aumento de 43.8% proposto pelo governo na tarifa de energia, observando que “se quer fazemos parte do Sistema Nacional de Energia”. Para ele, ter conseguido, por meio de uma liminar, derrubar o aumento pretendido pelo governo e preservar o preço anterior, foi uma vitória de toda a população. “Agora, temos que continuar lutando para manter como está e nos unir para enfrentar uma nova investida do governo, que quer derrubar a liminar”.
Na avaliação do deputado Hiran Gonçalves, estar ligado ao Sistema Nacional de Energia é estratégico para qualquer pretensão de projetar Roraima no cenário dos estados desenvolvidos. Segundo ele, se acabar o fornecimento de energia de Guri, o estado poderá entrar com a energia de Belo Monte ou de Tucuruí, sem problemas de segurança ou estabilidade. “Como está é um absurdo, a população sofre muito com isso e, por tudo isso, vou lutar com todas as forças para reverter essa situação”.