
O Ministério da Saúde abriu espaço para o conhecimento tradicional na medicina e incluiu 10 novas terapias alternativas no Sistema Único de Saúde (SUS). Chamados de Práticas Integrativas e Complementares (PICS), os tratamentos utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos milenares e voltados à cura e à prevenção de doenças, como a depressão e a hipertensão.
Na lista das novidades estão práticas como aromaterapia, cromoterapia, hipnoterapia, terapia de florais, entre outros (veja quadro). Com as atividades, ao todo, o SUS passa a ofertar 29 procedimentos à população. A mudança foi anunciada durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública no Rio de Janeiro. “Com isso, somos o país líder na oferta dessa modalidade na atenção básica. Essas práticas são investimento em prevenção à saúde para evitar que as pessoas fiquem doentes. Precisamos continuar caminhando em direção à promoção da saúde em vez de cuidar apenas de quem fica doente”, ressaltou o ministro Ricardo Barros.
Incorporação
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, publicada em 2006, instituiu cinco tratamentos alternativos: acupuntura, homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo. No ano passado, foram incluídas mais 14: ayurveda, arteterapia, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa e yoga. Entre os novos tratamentos menos conhecidos está a constelação familiar, uma técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações, e a imposição de mãos, a cura pela transferência de energia de uma pessoa a outra.
Entre os mais populares está a terapia de florais, que consiste no uso de essências de flores que modificam certos estados vibratórios, auxiliando no equilíbrio e harmonização do indivíduo. A ozonioterapia — mistura dos gases oxigênio e ozônio por diversas vias de administração com finalidade terapêutica — também vem se popularizando no país. A prática já é usada na odontologia, neurologia e oncologia e os defensores travam, há décadas, uma luta com o CFM para obter reconhecimento da terapia.
Barros explicou que a incorporação das terapias chamadas de alternativas ao SUS baseou-se em evidências científicas e na tradição. “Estamos falando de medicina tradicional: ao longo de milênios, essas coisas deram certo. A maioria dos medicamentos é baseada no princípio ativo dessas plantas. Antes, tomava-se um chá de determinada planta e hoje toma-se um comprimindo de uma substância extraída daquela planta, o que faz exatamente o mesmo efeito.”
Desde 2006, já eram oferecidos pelo SUS os tratamentos de acupuntura, homeopatia, fitoterapia, antroposofia e termalismo. No ano passado, foram incluídas 14 práticas: arteterapia, ayurveda, biodança, dança circular, meditação, musicoterapia, naturoterapia, osteopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa e ioga. Agora, somam-se à lista a apiterapia, aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos, ozonioterapia e terapia de florais.
O ministro destaca que, no ano passado, foram 1,4 milhão de atendimentos individuais. A maioria foi de acupuntura, com 707 mil atendimentos. Depois, vieram medicina tradicional chinesa, com 151 mil sessões de tai chi chan e liangong, auriculoteriapia, com 142 mil procedimentos, e ioga, com 35 mil sessões.
Segundo Ricardo Barros, o Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Complementares e Saúde Pública vai debater formas de ampliar as práticas de medicina integrais e complementares no SUS e levar as terapias aos municípios.
“Este é o desafio. Primeiro, estamos consolidando a oferta do serviço, permitindo que as estruturas de atenção básica implantem esses serviços e coloquem à disposição das pessoas. Agora é fazer a divulgação e o engajamento dos cidadãos na prevenção, que não é a nossa cultura. Se você vai à China, a cada 50 metros, tem uma casa de massagem. Aqui, a cada 50 metros, tem uma farmácia. Essa é a mudança que precisa ser alcançada”, afirmou.
Na oportunidade, Barros assinou também a incorporação no organograma do Ministério da Saúde da Coordenação de Práticas Integrativas e Complementares, cujo titular será Daniel Amado. O ministro lançou ainda o glossário temático e o manual de boas práticas para as terapias integrativas no SUS.
Conheça as dez práticas
- Apiterapia – técnica utiliza produtos produzidos por abelhas nas colmeias como a apitoxina, geléia real, pólen, própolis, mel e outros.
- Aromaterapia – com intuito de promover o bem estar e saúde, método usa concentrados voláteis extraídos de vegetais.
- Bioenergética – Libera as tensões do corpo e facilita a expressão de sentimentos, a técnica adota a psicoterapia corporal e exercícios terapêuticos.
- Constelação familiar – técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou membros da família.
- Cromoterapia – utiliza as cores nos tratamentos das doenças com o objetivo de harmonizar o corpo.
- Geoterapia – uso da argila com água que pode ser aplicada no corpo. Usado em ferimentos, cicatrização, lesões, doenças osteomusuculares.
- Hipnoterapia – conjunto de técnicas que pelo relaxamento, concentração induz a pessoa a alcançar um estado de consciência aumentado que permite alterar comportamentos indesejados.
- Imposição de mãos – cura pela imposição das mãos próximo ao corpo da pessoa para transferência de energia para o paciente. Promove bem estar, diminui estresse e ansiedade.
- Ozonioterapia – Usado na odontologia, neurologia e oncologia, promove melhoria de diversas patologias, a técnica mistura gases oxigênio e ozônio que são administrados por diversas vias.
- Terapia de Florais – para harmonização e equilíbrio, terapia faz uso de essências florais que modifica certos estados vibratórios.
Opas elogia sistema brasileiro
O encontro sobre medicina complementar atraiu cerca de 5 mil pessoas, que se inscreveram em diversos países. Na mesa de abertura, a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Étienne, elogiou o sistema de saúde brasileiro, considerando-o um modelo que “causa inveja ao mundo”, por ser baseado nos direitos humanos e no acesso de toda a população.
Sobre as terapias integrativas, Carissa ressaltou a necessidade de preservar tais conhecimentos, que são passados de geração em geração. “Devemos reconhecer as pessoas que fazem com que essas práticas de saúde permaneçam vivas e que passem de geração para geração”, disse a representante da Opas. Os recursos necessários para garantir uma vida saudável e produtiva existem, acrescentou Carissa. “É nossa responsabilidade descobrir como presentear todos os nossos irmãos e irmãs com esse conhecimento.”
Na abertura do congresso, houve apresentações de dança indiana e de índios guaranis.
Veja a lista dos tratamentos oferecidos pelo SUS
- Acupuntura
- Homeopatia
- Fitoterapia
- Antroposofia
- Termalismo
- Arteterapia
- Ayurveda
- Biodança
- Dança circular
- Meditação
- Musicoterapia
- Naturoterapia
- Osteopatia
- Quiropraxia
- Reflexoterapia
- Reiki
- Shantala
- Terapia comunitária integrativa
- Ioga
- Apiterapia
- Aromaterapia
- Bioenergética
- Constelação familiar
- Cromoterapia
- Geoterapia
- Hipnoterapia
- Imposição de mãos
- Ozonioterapia
- Terapia de florais