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Você sabia que as chuvas no Rio Grande do Sul têm relação com o desmatamento na Amazônia?

20 de maio de 2024 às 19:22h

Estamos vivendo um caos climático que afeta diferentes regiões do Brasil. Tanto que, enquanto a população gaúcha sofre com inundações, na Amazônia o inverno está mais seco que o normal e as queimadas bateram recorde.

De acordo com a Defesa Civil, até o momento são mais de 2 milhões de pessoas de 449 municípios foram impactadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul: pelo menos 149 morreram e 108 estão desaparecidas.

Já na Amazônia, que ainda não se recuperou da última seca histórica ocorrida há 8 meses em setembro de 2023, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou 12.457 queimadas entre 1º de janeiro e 9 de maio de 2024, o dobro do mesmo período do ano passado.

Cientistas garantem que, apesar de estar a milhares de quilômetros de distância, a catástrofe que assola do Rio Grande do Sul tem relação direta com o desmatamento na Amazônia – um bioma que sofre cada vez mais com a aproximação do ponto de não retorno, quando chegará a um limite que não conseguirá mais se recuperar, aprofundando as consequências econômicas e sociais para o Brasil e o mundo.

Claro que há outros fatores que contribuem para a tragédia gaúcha. Mas esses fenômenos extremos estão interligados e são agravados pela ação humana, o que inclui a ocupação desordenada do solo e a falta de políticas públicas socioambientais.

Pensa comigo: o vapor das árvores da Amazônia, contendo aerossóis da vegetação, encontra o vapor que vem dos oceanos e promove a formação de nuvens que seguem para as demais regiões ao sul do Brasil. Como o desmatamento já eliminou cerca de 20% do bioma original, o processo de regulação climática está comprometido, provocando mudanças no padrão de chuvas em áreas distantes.

Outro problema é que, com a queima de combustíveis fósseis, gases de efeito estufa, principalmente o CO2, são liberados na atmosfera. Mas a perda de florestas – no caso do Brasil, principalmente na Amazônia – reduz o poder de absorção de carbono, agravando o aquecimento global e eventos climáticos extremos.

Como o aquecimento global deixou o ar do planeta um grau mais quente, ele armazena mais vapor d’água. Se por um lado as secas estão cada vez mais severas porque as taxas de evaporação são maiores, por outro lado, quando esse vapor chega a regiões onde vai produzir chuva, há muito mais matéria prima para fazer chover.

E você sabe por que isso está acontecendo justamente agora no Rio Grande do Sul? Porque a umidade que desceu da Amazônia até lá chegou no mesmo momento em que uma onda de calor atingiu as regiões Sudeste e Centro-Oeste do país, criando um bloqueio atmosférico que impediu que frentes frias avançassem.

Com isso, uma corrente intensa de vento aumentou a instabilidade do clima no Rio Grande do Sul, chovendo por dias seguidos e inundando diversas bacias hidrográficas.

Por WWF Brasil