Tocantins incentiva a agricultura familiar indígena
2 de setembro de 2025 às 19:16h
Realizada entre os dias 2 e 6 de setembro, a feira tem como foco a utilização de sementes crioulas no cultivo das roças tradicionais
A Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot) participou da mesa de abertura da XIV Feira de Sementes Tradicionais do Povo Indígena Krahô, realizada na manhã desta terça-feira, 2, na Aldeia Galheiro, município de Itacajá. Ao longo da programação, que segue até sábado, 6, cerca de 600 indígenas, entre agricultores e lideranças, devem marcar presença na feira.
Durante a abertura, o titular da Sepot, Paulo Xerente destacou a união de mais de 40 aldeias em torno da feira e sua relevância para os povos indígenas do estado. Ele lembrou que, após conhecer a experiência dos Krahô, o povo Akwẽ-Xerente, do qual ele faz parte, também passou a realizar uma feira de sementes em seu território. “Não é fácil organizar um evento como este. Vocês são referência para o Tocantins e inspiram outros povos”, ressaltou ao afirmar afirmar que o sucesso depende também das parcerias institucionais para fortalecer a iniciativa, que promove a agricultura familiar indígena.
Com programação variada, a Feira de Sementes Krahô promove políticas públicas que garantem os direitos dos povos indígenas, como o modo de vida; acesso ao conhecimento, por meio de mesas de debates e oficinas; fomento ao desenvolvimento sustentável e agrobiodiversidade; e soberania alimentar, além de permitir o intercâmbio etnocultural.
O evento também vai tratar sobre a alimentação tradicional nas escolas indígenas e quilombolas, direito garantido pelo Programa Nacional da Alimentação Escolar (Pnae). A legislação vigente determina que, pelo menos, 30% dos alimentos adquiridos sejam da agricultura familiar. Está previsto na programação desta quarta-feira, 3, o chamamento público para suprir as demandas das escolas no território Krahô. Os agricultores indígenas podem aproveitar a oportunidade para oferecer seus produtos para a merenda escolar.
Os rituais e mitos, como o da batata-doce (Hôôxwa) e o mito Catxêkwyj, também serão compartilhados durante a programação. Para os Krahô, Catxêkwyj era uma estrela que desceu à terra em forma de mulher para ensinar o povo a cultivar os tubérculos.
Sobre a Feira de Sementes Krahô
As sementes tradicionais, também conhecidas como crioulas, fazem parte do patrimônio cultural dos povos indígenas e de comunidades quilombolas do Brasil. A feira Krahô teve sua primeira edição em 1997, sendo precursora na mobilização de comunidades para promover a conservação e troca de sementes crioulas, bem como de saberes ancestrais relacionados ao cultivo.
A Feira de Sementes Krahô é uma iniciativa de organizações indígenas locais em parceria com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Além da Sepot, o Governo do Tocantins participa do evento por meio das secretarias de Estado da Educação (Seduc), da Agricultura e Pecuária (Seagro), do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins). A Feira de Sementes também conta com apoiadores institucionais do governo federal, dos órgãos de Justiça e dos municípios de Goiatins e de Itacajá, onde a Terra Indígena Kraolândia está localizada.