Um terço da exploração ilegal de madeira em MT ocorreu em áreas protegidas
26 de janeiro de 2024 às 16:38h
No município de Colniza, já foram explorados 12 mil ha de forma ilegal, o que corresponde a mais de 10 mil campos de futebol.
Um levantamento divulgado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON) apontou que quase um terço da exploração ilegal de madeira em Mato Grosso ocorreu em áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação.
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Quase um terço da exploração ilegal de madeira em Mato Grosso ocorreu em áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Segundo os dados, mais de 100 mil hectares de floresta amazônica foram explorados de maneira ilegal entre agosto de 2021 e julho de 2022, o que corresponde a cerca de 27% do total registrado no período, em seis estados: Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Mato Grosso.
Mato Grosso ocupa o segundo lugar no ranking das ilegalidades e perde para o estado do Pará. Já na lista dos municípios com mais áreas exploradas sem autorização para extração de madeira, Mato Grosso possui nove municípios.
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Os dados também mostram que 25,6% das ações ilegais se concentram em terras indígenas e 19,5% em unidades de conservação — Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino
🌲Os dados também mostram que 25,6% das ações ilegais se concentram em terras indígenas e 19,5% em unidades de conservação. Segundo a coordenadora do Programa Transparência Ambiental do ICV, Ana Paula Valdiones, quando a exploração ilegal invade territórios indígenas e unidades de conservação, ameaça a manutenção dos espaços, regulamentação climática e das chuvas.
“A exploração ilegal de madeira prejudica o próprio produtor madeireiro porque torna difícil a competição de quem faz certo e de quem explora essa madeira ilegalmente e traz uma degradação do bioma que causa uma série de impactos ambientais que vão deixar suas marcas no território”, diz.
De acordo com a superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Cibele Xavier, o órgão investiga planos de manejo autorizados na região que estariam esquentando madeira extraída ilegalmente.
“Quando a gente mapeia que existe essa exploração seletiva, as equipes fazem o monitoramento dos créditos para identificar as pessoas jurídicas que estariam fazendo essas transações suspeitas” , conta.
Outro fator que preocupa os pesquisadores é que mais da metade da área explorada ilegalmente está em propriedades rurais que já possuem cadastro ambiental rural, o que permite a identificação do dono da fazenda.
Segundo o secretário adjunto da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Alex Marega, a fiscalização em campo ainda é necessária em algumas áreas do estado, mas que em locais que possuem a tecnologia de cadastro, é possível identificar o responsável pela área desmatada.
“Quando está cadastrado, é feito um alerta de desmatamento e imediatamente é dado um auto de infração e um embargo. A pessoa recebe uma notificação que ele foi identificado e será autuado pelo o que já foi feito. Caso continue, ele receberá uma visita da fiscalização”, comenta.
Para o coordenador de inteligência territorial do ICV, Vinicius Silgueiro, é preciso fortalecer os órgãos de fiscalização para combater esse tipo de crime
“Mato Grosso tem uma representatividade muito importante no setor madeireiro, mas ao mesmo tempo, responde por 65% do total explorado na Amazônia e proporcionalmente na ilegalidade e por isso é importante que o estado fortaleça o combate à ilegalidade nas áreas protegidas”, concluiu.
O Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), entidade que representa o setor de base florestal no estado, informou que não compactua com nenhum tipo de prática ilegal.
Segundo o Cipem, o estado de Mato Grosso é reconhecido por produzir madeira nativa rastreada, legal e sustentável.
Fonte: G1