Encontro coloca vozes amazônidas no centro do debate climático rumo à COP 30
16 de agosto de 2025 às 16:46h
A cidade de São Paulo foi palco de uma intensa mobilização com a realização do CLÍMAX SP – Encontro de Soluções Climáticas, na primeira semana de junho. O evento, contou com apoio do projeto Vozes pela Ação Climática Justa (VAC) por meio do WWF-Brasil, e reuniu lideranças e coletivos de diferentes regiões do Brasil, sobretudo da Amazônia, e teve debates sobre a COP 30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).
Nos dias 5 e 6 de junho, ativistas, comunicadores e representantes de povos tradicionais discutiram caminhos para colocar no centro do debate aqueles que resistem, criam e promovem soluções sustentáveis diante da crise climática.
A abertura foi realizada no Dia Mundial do Meio Ambiente com homenagem à jornalista e ativista Marielle Ramires, referência na pauta socioambiental e que ancestralizou recentemente. No segundo dia, houve reunião da Coalizão Floresta Ativista Amazônia, promovida pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e Casa NINJA Amazônia, como parte do projeto Vozes pela Ação Climática Justa (VAC).
A programação encerrou com o debate “Por um Jornalismo de Soluções Climáticas”, com comunicadores que atuam na linha de frente da cobertura socioambiental. O debate está disponível na integra no canal da @midianinja, no YouTube.
Um dos pontos altos do evento foi a realização do Fórum COP 30 – Jornada de Mobilização, que proporcionou um espaço de articulação entre organizações da sociedade civil sobre o papel da COP como catalisadora de mudanças.
Sobre a atuação do projeto Coalizão Floresta Ativista Amazônia
O projeto Coalizão Floresta Ativista Amazônia fortaleceu as organizações ANMIGA e o CNS e potencializou a circulação ampla nos estados da Amazônia. No caso do Conselho, o fortalecimento da comunicação enquanto um braço estratégico da organização foi um dos avanços mais expressivos. Uma das evidências mais claras disso é a atuação de Cátia Mello, que hoje é a principal gestora da comunicação da entidade.
Ela tem ampliado os frutos da formação recebida durante o projeto, em parceria com a Mídia NINJA, levando esse conhecimento à juventude extrativista e contribuindo diretamente para a formação de novos jovens comunicadores.
“Atualmente, observamos que o CNS, saiu de 400 seguidores para uma conta com quase 12 mil seguidores nas redes sociais, o que tem possibilitado à organização contar melhor suas histórias, alcançar maior visibilidade e fortalecer a divulgação de seus eventos e ações”, afirmou Alê Santos, integrante da Mídia NINJA, organização proponente do projeto.
No caso da ANMIGA, também foi possível observar avanços significativos. As campanhas realizadas nas redes sociais deram um salto de qualidade, refletindo uma comunicação mais estratégica e alinhada com os processos de formação promovidos pela organização.
As ações de comunicação estão hoje mais integradas às atividades de base. “Ao mesmo tempo que se lança uma campanha ou se puxa uma ação na rede, também se está estimulando a formação de outras lideranças, de outras juventudes — nesse caso, de mulheres indígenas que estão diretamente nos territórios”, destacou Alê.
Essa abordagem fortalece uma prática fundamental: contar histórias. Valorizar as narrativas das mulheres e das lideranças em seus próprios territórios se revela uma estratégia potente para manter viva a memória coletiva, ampliar a visibilidade e reforçar a diversidade de vozes presentes nos ambientes digitais.
“As redes sociais tornam-se vitrines dessas ações e um espaço estratégico para ampliar o alcance dessas vozes e histórias”, completou.
Outra ação relevante desenvolvida durante o projeto Coalizão Floresta Ativista Amazônia foi a realização de uma ampla circulação territorial que percorreu dois circuitos estratégicos: o primeiro abrangeu Mato Grosso, Rondônia e Acre; o segundo incluiu Tocantins, Pará e Amapá.
Essa circulação também gerou frutos significativos no processo de desenvolvimento do projeto. Um dos marcos mais relevantes foi o cadastro de mais de 5 mil pessoas dos territórios na plataforma Floresta Ativista, ferramenta essencial para conectar, dar visibilidade e fortalecer a mobilização de base.
Durante as passagens pelos territórios, foram registrados mais de 50 vídeos e materiais audiovisuais, que documentam as trajetórias de heróis e heroínas locais e suas lutas por justiça, ancestralidade e proteção ambiental.
Além disso, a equipe teve a oportunidade de conhecer iniciativas comunitárias com soluções climáticas próprias, que partem dos saberes locais e da realidade dos territórios — soluções construídas de baixo para cima, com potencial de transformação local e replicáveis.
“O projeto teve várias camadas de resultados que evidenciam a importância de criar e fortalecer narrativas a partir do território”, afirmou Alê Santos, destacando o valor de tornar visíveis essas experiências nas plataformas digitais e nos espaços de articulação política.
Sobre o VAC
O Programa Vozes pela Ação Climática Justa (VAC) é uma aliança global idealizada por seis organizações da sociedade civil (WWF, Hivos, Fundación Avina, SouthSouthNorth (SSN), Akina Mama wa Afrika e Shack Dwellers International (SDI)) e financiada pelo Ministério das Relações Exteriores da Holanda, com ações em sete países do Sul Global. Além do Brasil, VAC também está presente na Bolívia, Paraguai, Tunísia, Quênia, Zâmbia e Indonésia.
No Brasil, o Programa é coordenado por Fundación Avina, Hivos, Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB, WWF-Brasil e Fundo Casa, tendo apoiado, desde 2021, mais de 80 organizações, movimentos e coletivos, articuladas em 15 coalizões.
Fonte: WWF Brasil – Por Coalizão Floresta Ativista Amazônia