Governadores da Amazônia entregam carta ao Papa Francisco dizendo que região está ‘ameaçada’
31 de outubro de 2019 às 15:30hO texto assinado por alguns dos governadores e outros participantes foi entregue ao Papa pelo governador do Amapá, Antônio Waldez Góes, segundo postagem na conta de Twitter da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano. Ele teve um encontro rápido com Francisco na audiência-geral de quarta-feira (30).
“Os países ricos devem ampliar seus compromissos de financiamento, de forma a reconhecer o valor dos serviços ambientais da Amazônia, que beneficiam toda a humanidade, e que são mantidos pelos amazônidas”, afirma a declaração.
Agradecemos ao Governador Waldez Góes para ter entregado ao Papa Francisco a Declaração assinada pelos Governadores da Amazônia que pede a justicia social, o bem comum, a dignidade de todas as pessoas e o desenvolvimento sustentável esp. para Amazônia @waldezoficial pic.twitter.com/xIJ3fld7tv
Góes é o presidente do Consórcio Interestadual para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal. O governador do Maranhão, Flávio Dino, também publicou em suas redes sociais fotos da íntegra do documento, assinado por oito governadores e mais alguns participantes do evento. Segundo o Vaticano, os outros convidados eram “pesquisadores, representantes da sociedade civil e dos poderes legislativo e judiciário da região”.
Abaixo, alguns dos pontos principais do texto:
- Manifestam “o compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia fundamentado em uma economia verde, no desmatamento ilegal zero, na defesa dos povos indígenas e das populações tradicionais, incluindo ribeirinhos, caboclos, extrativistas e quilombolas; e no conceito de ecologia integral”;
- Reconhecem “que a Amazônia está ameaçada” e prometem buscar reverter a situação com “ações de cooperação bem articuladas”;
- Pedem que a comunidade internacional amplie “o apoio a ações concretas de financiamento, em favor de um modelo de desenvolvimento que seja capaz de garantir renda, oportunidades, trabalho e prosperidade”, preservando a biodiversidade e o equilíbrio climático do planeta;
- Defendem “a soberania dos países amazônicos”, mas dizem que “isso não deve servir de escuro para que os governos não cumpram suas obrigações de proteger os direitos humanos e preservar a natureza”;
- Pedem o “empoderamento dos governos subnacionais”;
- Pedem a ampliação das metas do Acordo de Paris “e a destinação efetiva, já em 2020, de recursos significativos para iniciativas subnacionais”;
- Convidam “todas as organizações, instituições e pessoas” a construírem “soluções efetivas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”;
- Pretendem permitir que a Amazônia possa gerar “benefícios para toda a humanidade”, mas respeitando “a inclusão socioeconômica” e “a cultura dos povos”;
- Pedem que as empresas revejam suas “cadeias de suprimento” para garantir a sustentabilidade, “prevenindo novas formas de escravidão e a globalização da indiferença”;
- Defendem “as diretrizes trazidas pelo Sínodo, em seu documento final”;
- Apoiam a criação de um painel científico sobre o futuro da Amazônia, a ser criado com o apoio do Vaticano;
- Criam a “Cúpula dos Governadores da Panamazônia”, um fórum permanente de discussão dos governadores da região, de diferentes países.
De acordo com o documento, assinaram a declaração os governadores presentes no dia 28 de outubro. São eles:
- Antônio Waldez Góes, governador do Amapá
- Helder Zahluth Barbalho, governador do Pará
- Wellington Dias, governador do Piauí e representante do Consórcio Nordeste
- Wilson Miranda Lima, governador do Amazonas
- Flávio Dino de Castro Costa, governador do Maranhão
- Francisco Antonio Pezo Torres, governador de Ucayali (Peru)
- Juan Manuel Alvarado Cornelio, governador de Huánuco (Peru)
- Pedro Bogarin Vargas, governador de San Martín (Peru)

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