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Presidente eleito fala da obrigação moral com indígenas

21 de novembro de 2022 às 14:56h

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no seu último dia na COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Sharm El-Sheikh, no Egito.

Lula se reuniu com representantes indígenas de todos os continentes.

Em discurso, ele ressaltou que vai criar o Ministério dos Povos Originários e disse querer que indígenas ocupem outras esferas do governo.

“Temos obrigação moral, ética, política, de fazer a reparação pelo que causaram os povos indígenas. Eu tenho compromisso de fazer inclusive com que o Brasil possa servir de exemplo. Com política de parceria, para que pessoas não sejam tratadas como se fossem de segunda classe”, disse.

Lula em reunião com representantes dos povos indígenas

CRÉDITO,REUTERS

Durante a COP27, Lula reafirmou o compromisso de criar o Ministério dos Povos Originários

“Quero que os indígenas participem da governança do nosso país. Por isso estamos criando o Ministério dos Povos Originários, e uma saúde pública especial, quem sabe dirigida pelos povos indígenas.”

Segundo o presidente, é preciso que os indígenas parem de ser vistos como “estorvo, como se fossem alguém que está atrapalhando o desenvolvimento econômico”.

“Graças a Deus a humanidade está percebendo que cuidar da preservação não é uma coisa menor, é de suma importância, porque não temos dois planetas terra, temos apenas um.”

Lula ainda criticou gastos bilionários com viagens espaciais, guerras e armas. Segundo ele, esse dinheiro deveria ser destinado a acabar com a fome e mitigar as mudanças climáticas.

“Às vezes, fico muito preocupado quando vejo meia dúzia de pessoas ricas tentando inventar foguete, procurando lugar fora da Terra, quando parte do dinheiro que ele gasta poderia investir para fazer mais preservação”, disse. “Quantos trilhões de dólares são gastos com a guerra, armas, quanta gente morre desnecessariamente.”

Lula também falou que, para ele, o encontro com lideranças indígenas é a reunião mais importante que já fez em sua trajetória política.

“Já fiz reunião com príncipe, chefes de Estado, mas não fiz nenhuma tão significativa do que essa reunião que estou fazendo hoje. Sou um grão de areia perto da importância de vocês. Quero fazer parte dessa luta de vocês e quero aproveitar meu mandato para contribuir mais com os companheiros indígenas brasileiros”, disse.

Ironia sobre Jair Bolsonaro

Lula também fez críticas ao governo atual e ironizou o isolamento do presidente Jair Bolsonaro desde que foi derrotado na eleição.

“Durante quatro anos, o presidente, que está dentro de casa desde que foi derrotado, não fez nenhuma reunião com a sociedade civil. Mas ofendeu mulheres, periferia, negros, quilombolas, portadores de deficiência.”

Lula disse ainda que o Brasil “foi quase destruído em quatro anos”. “Tudo aquilo que construímos em política social foi descontruído. Sem vingança, mas com muita paz, amor e tolerância, queremos fazer a política que possa ser feita para que o povo possa viver dignamente.”

Bolsonaro tem se mantido recluso no Palácio do Alvorada, sem sequer ir ao Palácio do Planalto para despachar ou se reunir com integrantes do governo. Também não tem feito as tradicionais lives – as longas transmissões ao vivo pelas redes sociais que viraram uma marca de seu governo.

Fonte: BBC News Brasil